quarta-feira, 8 de outubro de 2025
Cometa 3I/ATLAS (também designado C/2025 N1 (ATLAS)) — o que sabemos até agora, o que está sendo pesquisado, e por que ele é tão interessante. Se quiser, posso focar mais nos dados técnicos ou no que será visível daqui do Brasil. --- O que é 3I/ATLAS É o terceiro objeto interestelar ("3I" = terceiro interstelar) confirmado entrando no Sistema Solar, depois de 1I/ʻOumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019). Foi descoberto em 1º de julho de 2025, pelo telescópio ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), no Chile. Segue uma órbita hiperbólica — isto é, não está ligado gravitacionalmente ao Sol; veio de fora do Sistema Solar e, depois de passar por nós, continuará voltando ao espaço interestelar. --- Características observadas até agora Aqui estão algumas das propriedades que já foram medidas ou estimadas: Propriedade Valor estimado / Observações Distância inicial de descoberta Aproximadamente 4,5 UA do Sol (~ 670 milhões de km) quando foi detectado. Periélio (ponto mais próximo do Sol) Cerca de 29–30 de outubro de 2025, passando a ~ 1,36–1,4 UA do Sol (uma distância um pouco menor que a órbita de Marte) Distância mínima da Terra Ele não virá muito perto da Terra — a maior aproximação será ~ 1,8 UA, o que é seguro. Tamanho do núcleo Estimado entre cerca de 440 metros até 5,6 quilômetros de diâmetro. Há uma incerteza grande, porque o núcleo está envolto em coma (a nuvem de gás/poeira), o que dificulta medições diretas. Composição e atividade Há evidências de atividade cometária (coma, emissão de gás). Alguns destaques: detecção de água (ou mais precisamente fragmentos como OH), de CO₂, poeira, gelo. O JWST, por exemplo, encontrou uma coma dominada por CO₂, com relação CO₂/H₂O bastante alta — o que é incomum em cometas do Sistema Solar para aquela distância. Produção de HCN Observações recentes detectaram emissão de HCN quando estava a ~2,1 UA do Sol. A taxa de produção estimada foi de ~4,0 × 10²⁵ moléculas/s. Polarização Estudo polarimétrico mostrou uma curva de polarização com uma "ramificação negativa" bastante profunda (até ~ –2,7%) e ângulo de inversão em ~ 17°. Isso é diferente de muitos cometas ou asteroides do nosso Sistema Solar; ajuda a caracterizar a poeira/partículas no coma. --- Importância científica Por que 3I/ATLAS está recebendo bastante atenção? 1. Material interestelar: Ele traz material que não se formou no nosso Sistema Solar; pode conter pistas sobre composição química, isotópica, estruturas de outros sistemas estelares. 2. Composição “estranha”/diferente: A alta relação CO₂/H₂O, a atividade distante (quando ainda longe do Sol), a presença de gelo, e as diferenças na atividade comparadas a cometas típicos podem ajudar a refinar modelos de formação de cometas e de planetesimais em discos protoplanetários de outras estrelas. 3. Comparações com outros objetos interestelares: Compara-se com ʻOumuamua e Borisov, para entender variações entre visitantes interestelares: tamanho, forma, composição. 4. Oportunidade de observação: Vários telescópios (terrestres e espaciais) estão focados nele, aproveitando sua passagem pela parte interna do Sistema Solar, e depois dele reaparecer após passar próximo do Sol. --- O que ainda não se sabe / incertezas Tamanho exato do núcleo — as estimativas variam bastante. Rotação, forma, densidade — pouco se sabe ainda sobre essas propriedades físicas. Detalhes finos da composição — embora já haja detecções de CO₂, água, poeira etc., ainda há margem grande para estudar traços menores de compostos, isotopias, etc. Quanto da atividade é impulsionada pelo Sol vs. o que é “pré existente” (por exemplo, gelo exposto, grãos de gelo, etc.). Origem exata/interstelar: de quais regiões da Via Láctea veio, idade, trajetória original antes de se aproximar do Sol — algumas hipóteses apontam para regiões mais antigas da galáxia. --- Se quiser, posso mostrar quando e como será possível observá-lo daqui de Minas Gerais / Brasil, para ver se vale a pena tentar com binóculos ou telescópio amador. Você quer isso?
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